No mundo militar, a capacidade de tomar decisões rápidas e eficientes é, simplesmente imprescindível. Não existe margem para o insucesso. Seja num patrulhamento tático, numa operação ou numa situação inesperada, não existe chance de errar. Na maioria das vezes, não existe segunda chance.

E uma estratégia amplamente utilizada para esse fim é o Ciclo OODA (Observar, Orientar, Decidir, Agir). Neste artigo, iremos explorar esse modelo mental em detalhes, compreendendo cada etapa do ciclo e como ele pode ser aplicado em diferentes contextos.

Por isso, vamos mergulhar nessa estratégia militar e descobrir como ela pode ser utilizada no mundo corporativo e em outras áreas.

CICLO OODA: BREVE HISTÓRICO

A história do Ciclo OODA tem início em meados década de 1970. Ele foi definido por John Boyd, coronel da Força Aérea dos Estados Unidos. Considerado um grande estrategista, desenvolveu essa metodologia de observação, orientação, decisão e ação, baseado na atuação de pilotos de caça. Ele prospectou um modelo mental de tomada de decisões rápida baseada na percepção.

Boyd se baseou em 3 princípios para demonstrar que as incertezas e ambiguidades estão realmente inseridas na realidade humana. Eles são:

Teoremas da incompletude de Gödel: resumidamente, provam que algumas coisas na matemática nunca poderão ser comprovadas. Deste modo, qualquer modelo lógico da realidade é incompleto (e possivelmente inconsistente) e deve ser continuamente refinado/adaptado em face de novas observações.

Princípio da incerteza de Heisenberg: esse princípio mostra que não podemos fixar ou determinar simultaneamente a velocidade e a posição de uma partícula ou corpo. Ao aplicar esse princípio, Boyd deduzia que, mesmo quando é possível obter observações mais precisas sobre um domínio específico, provavelmente sentiremos ainda mais incerteza sobre outro. Portanto, há uma limitação na capacidade em observar a realidade com precisão – e isso é humano.

2ª Lei da Termodinâmica: aplicando esse princípio na resolução de problemas e tomada de decisões, Boyd infere a necessidade de se comunicar com o mundo exterior e não agir como “sistema fechado”. Na termodinâmica há a entropia, associada ao grau de “desordem” ou “aleatoriedade” de um sistema. Não com a mesma nomenclatura, o mesmo efeito pode atingir pilotos de caças, gestores ou qualquer pessoa frente a necessidade de tomar uma decisão.

Retirado de: www.napratica.org.br

APLICANDO O CICLO OODA

1º Passo – OBSERVAR

A primeira etapa, sem sombra de dúvidas, é a observação. Ela envolve axiomas como coletar informações relevantes sobre o ambiente, identificar padrões, ameaças e oportunidades. Com isso, é transcendental estar atento aos detalhes, utilizando técnicas de inteligência e análise situacional para compreender a realidade em que estamos inseridos.

2º Passo – ORIENTAR

Após a fase de observação, chegou o momento de orientar-se. Nesta etapa, analisamos as informações coletadas e buscamos compreender a situação atual de forma mais precisa. É fundamental avaliar os riscos, estabelecer objetivos claros e definir estratégias para alcançá-los. A orientação envolve a análise crítica dos dados e a formulação de um plano de ação.

3º Passo – DECIDIR

Com base na observação e orientação, chega o momento de tomar decisões. Aqui, é necessário avaliar as opções disponíveis, considerar os possíveis resultados e escolher a melhor abordagem. A tomada de decisão no Ciclo OODA é ágil e adaptativa, permitindo ajustes rápidos em resposta às mudanças no ambiente.

4º Passo – AGIR

A última etapa do Ciclo OODA é a ação. Uma decisão só é eficaz se for colocada em prática. Nesta fase, é importante agir de forma decisiva e rápida, implementando as estratégias definidas anteriormente. A agilidade na execução é essencial para aproveitar as oportunidades e superar os desafios.

EXEMPLOS PRÁTICOS DO CICLO OODA NO ÂMBITO MILITAR

A observação é nosso grande motor sensorial. O que é visto pode ser controlado e, consequentemente, antecipado numa eventual situação extrema. É por isso que, por exemplo, o seu posicionamento em locais públicos deve atingir uma visão total e não parcial. Esse controle é o primeiro passo.

Por isso, nunca se esqueça: Quem observa de maneira primitiva, consegue realizar uma orientação antecipada e ganha vantagem na decisão para agir.

Outra aplicação prática é a preparação. Análises preliminares numa operação, por exemplo, minimizam erros primários. Contudo, quando estamos familiarizados com algo, tendemos a pensar que todos possuem o mesmo nível de entendimento. E isso é errado. Por isso, tenha em mente que explicações e preparações precisam ser repetidas diversas vezes. Alguns briefings de operação, por exemplo, podem demorar minutos e outros horas. Não tenha pressa e observe, oriente e decida, para agir na sequência, até a exaustão.

Por último, outra vantagem é a possibilidade de anular o ciclo OODA do outro indivíduo. A antecipação é algo premeditado e você consegue entender diversos sintomas que a possa aflora a partir da observação de uma cena.

APLICAÇÃO DO CICLO OODA EM OUTROS CONTEXTOS

Embora o Ciclo OODA tenha sido originalmente desenvolvido para a estratégia militar, seu conceito pode ser aplicado em diversos contextos, incluindo negócios, esportes e até mesmo tomadas de decisão pessoais.

A capacidade de observar, orientar, decidir e agir de forma rápida e eficiente pode trazer benefícios significativos em termos de inteligência emocional, adaptabilidade, alta performance, resiliência e, consequentemente, sucesso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O CICLO OODA

Como já mencionado, o Ciclo OODA é uma estratégia militar poderosa para a tomada de decisões rápidas e eficazes.

Com suas quatro etapas distintas, permite aos líderes e profissionais enfrentar situações complexas de maneira estruturada e ágil.

Sendo assim, ao aplicar esse ciclo em diferentes contextos, podemos melhorar nossa capacidade de observar o ambiente, orientar nossos esforços, tomar decisões informadas e agir de forma assertiva. Por último, é importante mencionar que este artigo, de certa forma, complementa um anterior, chamado de LIDERANÇA EXTREMA: COMO LIDERAR EQUIPES DE MANEIRA EFETIVA. Por isso, sinta-se à vontade de realizar a leitura complementar na sequência.

INVICTUS

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