Conheça um pouco sobre a trajetória de Pedro Jordano, uma das maiores referências do Brasil em provas de Endurance.

O preparo físico é um pilar fundamental para todo guerreiro ter saúde e estar sempre de prontidão para os desafios do dia a dia. Mas para construir um corpo forte, ágil e resistente é necessária também uma mente blindada e uma disciplina perene.

Considerado um dos nomes mais destacados no Brasil quando se fala em provas de Endurance e Extreme, Pedro Jordano é um atleta completo, com uma longa história de superação física e mental que começou na sua infância, o acompanhou durante seu serviço militar e perdura até hoje nas provas mais desafiadoras do planeta.

Para conhecer um pouco sobre sua trajetória de perseverança, conversamos com este guerreiro que nos contou sobre a origem de sua determinação e o desdobramento das suas conquistas.

Bora conferir o resultado? Está dada a largada dessa entrevista, nos vemos na linha de chegada!

INVICTUS: Conte-nos um pouco da sua trajetória, como começou seu contato com o mundo dos esportes de alta performance?

PEDRO JORDANO: Minha jornada começou cedo, iniciei no judô com 6 anos de idade e no primeiro ano já comecei a competir e a pegar gosto por treinar para competições. Entre os 14 e 15 anos entrei para a seleção paulista, comecei a treinar muito, aumentando a intensidade, o aspecto técnico e a quantidade de competições no ano, foi aí que comecei a almejar algo maior como entrar na seleção brasileira. Em 1988 consegui uma vaga na seleção, já visando competições no exterior.

Então, entrei no jiu-jitsu para aprimorar minhas técnicas de judô, acabei indo competir fora do Brasil e fui campeão panamericano e mundial de jiu-jitsu na California. Em 1988 também entrei para o Exército Brasileiro onde permaneci até 1992, nesse período fui convocado a integrar o PELOPES, um pelotão de operações especiais. Nesse pelotão a gente treinava e tinha instruções todos os dias, ficávamos 15 dias na mata em missões e nós fazíamos muitos treinos, fazíamos os chamados treinos de pista, com pistas de ralo e pistas de corda.

Foi aí que eu comecei a conectar todo o meu treino de luta, com o treinamento militar e de operações especiais, compreendendo como isso foi fortalecendo a minha mente. Tudo que era exigido de mim ou eu me propunha a fazer, eu ia até o fim para ter o êxito, da melhor forma possível e visando de todas as formas concluir cada desafio. Todas as provas longas, difíceis que eu fiz foram consequência natural dessa combinação entre uma vida de treino e preparo físico com uma mente obstinada.

INVICTUS: O que te motivou a se tornar um atleta tão diversificado?

PEDRO JORDANO: Isso aconteceu de forma natural, não foi nada programado. Como disse, comecei no judô, fui pro jiu-jitsu para aprimorar as minhas técnicas, acabei competindo nesse esporte também e depois veio o serviço militar, que me apresentou às pistas de obstáculos e ao mundo do tiro, foi uma sequência de oportunidades que se apresentaram na minha vida e eu fui agarrando cada uma delas.

Então naturalmente, devido à minha afinidade com o meio competitivo e uma mentalidade que sempre buscou a autossuperação, fui levando cada atividade que pratiquei na vida com mentalidade de atleta e abordagem esportiva. Sempre tive muita paz nesse meio pois o meu desejo de superação é único e exclusivamente em relação a mim mesmo, nunca quis ser melhor do que ninguém, apenas melhor hoje do que eu fui ontem.

INVICTUS: Como é a sua rotina de treinos e preparo para as provas?

PEDRO JORDANO: A minha rotina antes da pandemia era muito intensa, dou muitas aulas como personal trainer, que é a minha atividade profissional principal, sou formado em Educação Física, mas também dou aulas de luta e instruções de armamento e tiro. Nos intervalos entre cada aula eu treinava, e depois treinava até de madrugada também, pois dependendo da prova para a qual eu estava me preparando, como por exemplo uma prova de 24 horas de corrida no gelo que fiz na Islândia e Suécia, eu tentava simular na melhor das minhas capacidades as condições que enfrentaria. Claro que o frio da madrugada de São Paulo nem chega perto das condições absurdas da Escandinávia, mas o objetivo é acostumar o corpo a esse desconforto, de estar praticando atividade física intensa com sono e frio.

Sempre mantive um programa de treinos periodizados, havia semanas focadas mais em força, outras em resistência física e algumas muito focadas em resistência mental como preparação para as provas dificílimas que eu me proponho a fazer. Por exemplo, uma vez eu saí de São Paulo e fui até Aparecida do Norte a pé, foram 37 horas e 151 km sem parar nem para ir ao banheiro, justamente para trabalhar essa parte mental, pois o que te leva até a linha de chegada é a sua mente, 15% é o seu preparo físico e os outros 85% é o seu preparo mental. 

INVICTUS: Qual foi a prova mais desafiadora da sua vida?

PEDRO JORDANO: Todas as provas que fiz foram desafiadoras, cada uma com sua história, com suas dificuldades particulares. Eu nunca escolhi uma prova fácil, sempre fui atrás de provas onde eu tivesse que me superar.

Mas sem dúvidas a mais desafiadora de todas que participei aconteceu na Grécia em 2019, a prova se chama AGOGE, esse era o nome que se dava ao treinamento pelo qual todo homem espartano tinha que passar na antiguidade. Foram 72 horas de prova militarizada, sem parar e sem dormir, só pra chegar na Grécia já foram 30h de viagem e eu fui sozinho, sem saber falar inglês, então o desafio já começou aí. Não é uma prova normal, nenhum brasileiro havia participado antes e nenhum participou depois de mim até o momento, eu não sabia o que eu ia encontrar, é muito diferente de uma prova em que você sabe o tipo de obstáculo vai encarar.

Para vocês terem uma ideia, nessa prova você sai do hotel vendado apenas com a sua mochila que contém os itens obrigatórios, entra em um ônibus e depois te largam no meio da ilha, aí realmente começa a prova. Já nos primeiros 6km a gente teve que pular no mar de um penhasco de 12 metros de altura. Eles pegaram nossas comidas e a água que nós tínhamos levado e etiquetado e sumiram com tudo, você fica até sem saber quando vai comer ou beber, isso já começa a mexer com a cabeça de muita gente. Foi uma prova extremamente difícil, houve momentos em que achei que não ia aguentar, mas eu não fui para ficar no meio do caminho, então fui em frente e concluí.

Enfrentar provas físicas e mentais extremamente desgastantes já é um desafio imenso, mas enfrentar tudo isso somado ao desconhecido é ainda mais.

INVICTUS: Como essas características necessárias para ser um atleta de alta performance impactaram sua vida pessoal?

PEDRO JORDANO: Primeiramente você tem que trabalhar a sua cabeça para ter uma mente blindada, segundamente você tem que ter consciência de que o treinamento tem que ser muito mais duro do que a prova, eu quando parto para uma prova, já tenho na minha cabeça que a prova já foi feita, eu estou indo apenas para confirmar.

Você tem que ter um objetivo muito claro e uma disciplina sólida que vai servir de ponte para te levar até ele, é importante se manter motivado, mas a disciplina é o que vai te fazer treinar naquele dia em que você está mais cansado e com mais preguiça, e a realização que você sente nesses dias é muito maior. Mas claro, a gente tem que conhecer bem o nosso corpo e não ir além do limite físico e se lesionar, mas esse limite vem muito depois do limite mental. Sofremos na nossa mente muito mais do que no nosso corpo, mas se superarmos isso, podemos ir muito além.

INVICTUS: Incrível trajetória, Pedro! Gostaria de deixar uma mensagem para os guerreiros que nos acompanham?

PEDRO JORDANO: A mensagem que eu deixo é uma que me guia desde pequeno: tenha disciplina, tenha um objetivo claro e dê tudo de si para alcançá-lo. Independente que qual for o seu objetivo, faça o que tenha que ser feito. Se o objetivo for se formar em medicina, estude muito, se for ficar forte, então se alimente direito, treine pesado.

Faça o que tiver que ser feito, mas acima de tudo, faça por você, nunca para os outros. Tem muita gente hoje preocupada em mostrar nas redes sociais ou pro ciclo de amigos que é bom, que é o cara, mas isso não vai transformar a sua mentalidade, não vai mudar sua maneira de encarar a vida de forma duradoura, você tem que fazer isso por você. O reconhecimento dos outros será uma consequência disso, mas não deve ser a motivação.

E aí, guerreiro, curtiu essa entrevista casca-grossa? Esperamos que sim. Comente abaixo o que achou e nos conte qual foi o maior desafio físico que você já enfrentou.

Deixamos registrado o nosso agradecimento ao Pedro Jordano, por representar a garra e perseverança brasileira mundo afora, e a nossa admiração por sua trajetória inspiradora.

Respeito máximo, guerreiro!

INVICTUS

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