Leia os melhores momentos da uma entrevista que realizamos com a Edilaine Mansueto. Assim, conhecemos mais sobre sua vida e fizemos da produção da Linha SKADI algo histórico. 

“Nunca foi fácil, mas também nunca ninguém falou que seria”. É assim que inicia o áudio da produção que lançamos no dia 8 de fevereiro. 

Para chegar nessa frase e, no vídeo como um todo, foram semanas de planejamento, reuniões de alinhamento, criação de roteiros, loadouts… E uma parte muito importante também foi uma entrevista, realizada de maneira online. A conversa durou quase 3 horas, onde Edilaine Mansueto contou sobre seu passado, seu presente e o seu futuro. 

Transcrevemos os trechos mais importantes da conversa, pois é um material incrível que merece ser compartilhado. Por isso, fique confortável, prepare uma xícara de café, sente em sua poltrona favorita e faça uma boa leitura. Pra cima! 

AS ORIGENS DA EDILAINE 

“Nasci em Presidente Venceslau, interior de São Paulo. Vim de uma família humilde. Pai pedreiro e mãe dona de casa, com isso aprendi que teria que trabalhar desde muito cedo para conquistar algo na vida.” 

Vindo de uma família nessas condições, comecei a trabalhar desde os meus 12 anos de idade, quando viemos morar em Campo Grande. Trabalhei como babá, em balconista em uma padaria e também fazia faxina em algumas residências. 

Até que, aos 18 anos, fiz um concurso público e passei para soldado da PMMS, em 1998. Minha mãe sempre dizia que, se eu não quisesse um futuro, sem muitas perspectivas, semelhante ao dela, o estudo seria o caminho. Então levando isso muito à sério a busca pelo saber tem sido constante. 

Vi muitas coisas negativas dentro de casa, inclusive violência doméstica que minha mãe sofria, e fatores como a dependência financeira e emocional do marido, impediam-na de quebrar o ciclo da violência. Eu costumo dizer que não tive um mal pai, no quesito de deixar faltar amor pra gente nem comida dentro de casa, mas minha mãe teve um mal marido, devido a diversas situações que a via passar. Sendo assim, cresci sabendo muito bem o que eu não queria viver. 

E também por isto, diariamente, busco deixar um bom legado para homens e mulheres que cruzam em minha vida e carreira.

O INGRESSO NA PMMS 

“Quando me tornei policial, tudo começou a ficar mais claro em minha mente. Minha mãe sempre foi uma mulher muito sábia e nos incentivou a lutar desde cedo para buscar por nossa independência.” 

“Sou a única mulher na família que seguiu essa carreira, a época, foi um caminho que se abriu diante de mim apenas como algo que me traria estabilidade, mas hoje sou completamente apaixonada pela minha Instituição e pelo meu ofício. 

Fazendo uma auto análise de tudo o que eu passei, talvez, ter me tornado policial, foi algo, no meu inconsciente, para dizer não a tantas coisas que cresci vendo, como violência doméstica e alcoolismo dentro de casa. Então, sinto que de alguma forma, atuando nessa carreira, posso combater, somar positivamente para que outras pessoas não passem pelo que passei. 

Sendo assim, ingressei como Soldado em 1998, ou seja, no degrau mais “raso”, como se fosse o primeiro dos dez degraus a se seguir até o final da carreira, que é formada por dois pilares, sendo eles: Praça e Oficial. Já aprovada, buscava também ascensão, fiz concurso para 3º SGT, depois fui promovida a 2º SGT, 1º SGT e hoje estou como Subtenente. 

No decorrer da minha carreira, sempre procurei buscar outros conhecimentos também. Sou formada Bacharel em Direito, turma de 2010, pós-graduada em Gestão de Segurança Pública, Gerenciamento de Crises, Processo Penal, Direito Penal, Segurança de Autoridades e Administração do Sistema Penitenciário.  

“Quando me perguntam o que eu mais gosto na minha carreira, digo que temos de ser um bom exemplo e amar o que fazemos. Independente de qual profissão escolhemos, isto vale pra vida!” 

“Trabalhei como segurança de autoridades por 19 anos. Fiz a segurança pessoal de 3 ex-governadores, inclusive do atual. Trabalhei na segurança da vice-governadora, que é hoje deputada federal e senti muita vontade de trabalhar também nas ruas, usar minha farda, pois como Segaut, trabalhávamos velado, foi quando busquei um curso de Conduta de Patrulha em local de alto risco, ministrado pelo COE da PMESP. Eram 30 vagas, das quais 3 eram destinadas para os “estrangeiros” termo que usamos para outras polícias, me inscrevi, concorri com 11 homens e fiquei em primeiro lugar.” Fiz também outros cursos operacionais, inclusive de Força Tática.

A MORTE DO MEU PAI E OS PROBLEMAS SUPERADOS 

“Como dito, meu pai era pedreiro, tinha o hábito de portar um canivete para tirar o excesso de cimento nas unhas. Certo dia, em um assalto, dois homens pediram carona para ele, e no meio do trajeto, anunciaram o roubo, meu pai disse aos assaltantes que eles poderiam até levar o veículo, mas que a filha dele era policial e depois ela iria pegá-los. Com essa informação os assaltantes o degolaram no ato, com seu próprio canivete. Isso foi há 15 anos.” 

“A época eu estava gestante e perdi meu filho. Talvez isso fosse um motivo para eu ficar desencantada com a minha profissão, pois o fato de ser policial, foi fator determinante para perder meu pai, conforme relato dos autores. A época eu também estava gestante e devido ao choque emocional, perdi também um filho. Mas ao contrário disso, eu sei muito bem o lado que estou e não tenho vergonha alguma de falar isso. Às vezes, passamos por situações que nos fazem questionar se Deus nos ama, ou o porquê de tanta dor e sofrimento, mas hoje não mais, sei que tudo tem um propósito. 

Por isso resolvi não tomar isso apenas com algo negativo, tanto que meu papel foi feito. Consegui prender os autores poucos dias depois do crime…. Foi mais uma chacoalhada que a vida me deu.  Porém, nessas horas é preciso buscar equilíbrio interno e muita fé em Deus, para não sair dos trilhos… Um ano após eu engravidei novamente e nasceu minha filha a Júlia, que hoje está com 14 anos de idade. 

Passado algum tempo, por volta de uns 10 anos após a morte do meu pai, minha mãe foi diagnosticada com um tipo de câncer, câncer de peritônio. O médico me chamou e disse que ela teria cerca de 30 dias de vida, mas como acima de tudo existe o “médico dos médicos”, passaram-se 5 anos e estamos na luta, minha mãe está bem, fazendo todo tratamento, acompanhamento, mas está bem. Nessa mesma época meu irmão sofreu um acidente de moto e acabou falecendo, mais uma vez a vida me forjando na dor. 

Há uma frase que sempre usamos no meio militar: “é em fogo forte que se forja aço bom” e eu não tenho dúvidas que sou aço bom. Foram justamente as dores e os ‘nãos’ que recebi, as dificuldades que passei, são elas que uso de combustível para  continuar caminhando, tocando a minha vida, cumprindo minha missão, até porque eu amo viver e olhar para minha filha, me faz ter a certeza de que não posso parar. Acredito que compartilhar estes momentos, minha história, isso servirá de exemplo para mostrar as outras pessoas, principalmente as outras mulheres, que elas também são capazes!”  

EDILAINE MANSUETO HOJE 

Hoje eu sou Subtenente da PMMS. Atuo em um Batalhão Operacional, sou Subcomandante da Força Tática da área central de Campo Grande MS, comando homens, treino com homens e sou também respeitada por isso, mas este respeito vem não apenas por ser superior hierárquica, mas por fazer junto o que eles também são cobrados a fazer. Somos uma equipe e eles sabem que podem contar comigo.  

O fato de compartilhar minha história, serve também para que as pessoas vejam, que talvez o problema que ela está passando não seja tão grande, ou que de certo modo eu as motive, pois sou exemplo vivo que mesmo passando por dificuldades, podemos sim superá-las, seguirmos em frente com sorriso nos lábios, basta não nos acomodarmos e não aceitarmos nãos e nem mesmo a zona de conforto, por mais convidativa que ela seja. Acredito sim que, mulheres fortes e preparadas podem deixar o mundo muito melhor para todos.” 

UMA GUERREIRA SKADI 

Por todas estas histórias de vida é que a Edilaine foi a pessoa escolhida para a homenagem da INVICTUS para o Dia da Mulher. Caso não tenha visto, ou quer assistir novamente nossa produção, dê o play abaixo! 

INVICTUS

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