Guerreiro, existem treinamentos militares que levam soldados a atingirem o limite no cansaço físico e mental. Com uma árdua rotina, operadores são preparados e capacitados para estarem #ProntosPraTudo, respondendo de maneira assertiva e sem margem de errar, seja no planejamento ou execução de uma missão.

Mas isso não é novidade pra você, caro leitor. Afinal de contas, se você está aqui lendo este artigo, deve ter visto que esse assunto é sempre trabalhado por aqui. Mas o que temos hoje é algo diferente. É um relato em primeira pessoa sobre o treinamento fornecido pelo exército de Israel. Simplesmente, um dos treinamentos mais intensos e duradouros dentre os principais exércitos do mundo.

Para elucidar este artigo, guerreiro, chamamos o Ariel J F Brand. Ele é brasileiro, tem 23 anos, mas com nacionalidade israelense. Ele recebeu todo o treinamento necessário para fazer parte das Forças de Defesa de Israel, servindo à nação e se tornando reservista. Ele concordou em nos relatar algumas situações, concedendo uma entrevista exclusiva. Bora acompanhar?

Quem pode servir em Israel?

Ariel – O exército de Israel, formalmente conhecido como Israeli Defense Forces (IDF), é obrigatório para todos os cidadãos israelenses, homens e mulheres a partir dos 18 anos de idade. Para homens, o tempo mínimo de serviço é de 2 anos e meio, enquanto para mulheres é de 2 anos. Cidadãos israelenses cristãos, drusos e beduínos também são alistados, sendo apenas os árabes israelenses isentos do serviço militar obrigatório. Mesmo assim, muitos árabes israelenses optam por fazerem parte da IDF, buscando desfrutar dos benefícios e opções de carreira que o exército possibilita. A IDF também aceita voluntários estrangeiros, porém, para isso, é necessário que os mesmos tenham descendência judaica. Assim, judeus ao redor do mundo podem se voluntariar ou até mesmo pedir a cidadania em Israel e se alistar ao IDF.

Como fazer para servir no Exército de Israel?

Ariel – A partir do momento em que você é convocado, uma série de testes são conduzidos para medir suas capacidades físicas, emocionais e psicológicas, para garantir que você tenha condição de ser um soldado de combate. Testes de QI, aptidão física, exames médicos, exames psicológicos e análise de personalidade são apenas algumas das etapas desse processo de seleção. Caso você não se qualifique como combatente, existem diversas outras unidades e categorias de trabalhos e serviços nos quais você poderá contribuir para o exército, como nos setores de Inteligência e Logística.

Como foi o treinamento recebido no Exército Israelense?

Ariel – A duração do treinamento para batalhões padrão de infantaria é de 8 meses, enquanto nas unidades de elite é de 1 ano e 2 meses. Isso por si só já faz uma diferença enorme na rigorosidade exigida no treinamento de elite, além da especialização em armas e metodologias de combate que vão além do “básico”.

Para os destemidos que escolhem fazer parte das unidades de elite, estes terão que passar por uma prova de 5 dias, onde todos seus limites físicos e mentais serão testados. Muitos desistem e nem conseguem chegar até o final do quinto dia, mas só o fato de chegar ao final da prova não garante seu lugar na unidade de elite. Dentre os finalistas, serão avaliados os que mais se destacaram em performance física, capacidade de trabalhar em grupo, altruísmo e pensamento crítico. No meu alistamento, dos 20 homens que começaram a prova comigo, 6 finalizaram, e apenas 4 foram aprovados junto comigo.

Uma vez aprovados, o treinamento da unidade de elite é composto de três partes, sendo os primeiros 4 meses de treinamento básico, outros 4, de treinamento avançado, e por fim, mais 6 meses de treinamento de elite e de especialização. Nos treinamentos básico e avançado, o conteúdo ensinado é igual aos de batalhões padrão, porém com nível de exigência e disciplina muito maior. O conteúdo inclui manuseio de 7 armamentos diferentes, cursos de sobrevivência em diferentes habitats, defesa pessoal (Krav Maga), e semanas de simulação de combate e guerra. Já no treinamento de elite, são ensinadas técnicas de antiterrorismo, camuflagem, navegação, e a habilidade de cada soldado saber atuar independentemente. O principal diferencial dos soldados de elite é saber dominar todas as funções e habilidades de cada posição dentro do esquadrão, garantindo maior flexibilidade e preparo para qualquer tipo de situação. Já os soldados de infantaria padrão, dependem de seus camaradas por só serem especializados em sua própria área e função dentro do esquadrão.

Não é à toa que o exército de Israel tem sua fama de ser um dos melhores exércitos do mundo, justamente pelo seu treinamento completo e rigoroso.

Algo que era sempre lembrado durante o treinamento, é que sempre treinamos para a pior situação possível, para que no dia que tivermos uma ameaça e cenário real, já estivéssemos preparados para o pior.

Em qual Unidade do Exército você serviu e em quais locais você operou? Fez operações fora de Israel?

Ariel – O nome da unidade na qual eu servi se chama Orev Nahal (עורב נחל), unidade de elite de infantaria especializada em mísseis teleguiados SPIKE. Após a conclusão do treinamento, realizei operações na fronteira com a Faixa de Gaza e nos territórios da Cisjordânia. A principal diferença entre estes dois locais era sua exposição e separação do inimigo. Em Gaza há uma clara separação entre os territórios por causa da fronteira, significando que o inimigo só pode vir de uma direção. Já na Cisjordânia, que apesar de estar sob controle da Autoridade Palestina ainda faz parte do território Israelense, a infiltração de células terroristas e um atentado podem acontecer a qualquer momento, em qualquer lugar.

O Exército Israelense é conhecido como um dos exércitos mais importantes e preparados do mundo. Que armas você aprendeu a operar durante o seu treinamento?

Ariel – No exército de Israel, há duas principais armas usadas pelos batalhões de infantaria. A primeira sendo a famosa carabina M4 (5.56mm), e a segunda, a Tavor X95 (5.56mm), fabricada pela Israeli Weapons Industry (IWI). Nessas duas armas também aprendemos a manusear vários acessórios, desde diferentes miras como ACOG da Trijicon, e a Lior 4x da MeproLight, até à utilização de lasers infravermelhos e lançadores de granada M203. Além dessas duas armas, para cenários de guerra há dois tipos de metralhadoras de calibre 7.62mm para suporte, e três tipos de lançadores de foguetes/explosivos. As metralhadoras são a FN MAG, de origem belga, e a Negev (LMG), produzida pela mesma empresa da Tavor X95, a IWI. Por fim, os três tipos de lançadores; o M72 LAW, um lançador de foguete de 66mm, o MATADOR, míssil antitanque de 90mm, e o lançador de granada MK19 de 40mm.

Como fica a relação de reservista do exército com estrangeiros?

Ariel – Depois da conclusão de 2 anos e meio do serviço militar obrigatório, os homens continuam como reservistas até os 40 anos de idade, e as mulheres até os 24 anos. Todo ano, durante duas semanas, há um ou dois treinamentos de recapitulação/reciclagem, além de operações ocasionais. Os estrangeiros que continuaram morando em Israel após o serviço obrigatório também são chamados para participar. Já para aqueles que voltaram para suas terras natais, serão convocados apenas em situações de emergência ou guerra.

Como é a cultura da sociedade, em relação ao armamentismo?

Israel é um ótimo exemplo de sociedade armamentista, já que todos os cidadãos, ao ingressarem no exército com 18 anos, são educados em como manusear uma arma. Independentemente de qual for o seu cargo dentro do exército, seja combatente ou não, todos aprendem a disparar uma arma de fogo e prestar serviços de primeiros socorros.

A habilidade de saber e poder se defender e proteger sempre foi um pilar da sociedade, uma necessidade básica do povo Israelense. Lembrando que Israel vive ameaçado interna e externamente, sendo cercado de países hostis e atacado internamente com frequência.

Israel intensificou ainda mais sua política de porte de armas após o aumento de atentados durante os últimos anos. Essa mudança possibilitou que todos os soldados combatentes começassem a levar suas armas com eles quando voltassem para casa, para estarem armados em todos os momentos, mesmo que fora de serviço.

Assim, nos dias atuais é extremamente comum avistar soldados “à paisana”/não uniformizados, armados em shoppings, trens, sinagogas, pontos turísticos e até em praias. Isso não só diminui muito o número de atentados internos, mas também possibilitou a neutralização mais rápida e eficaz dos terroristas e retomada de controle da situação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A conclusão do meu treinamento e serviço obrigatório no IDF foi um marco na minha vida. Um marco de superação, de garra, de suor, dor, lágrimas, disciplina, medos, desafios, lesões, responsabilidades, incertezas, dificuldades, obstáculos, força e determinação.

Ultrapassei limites físicos, emocionais e psicológicos, percorrendo milhares de quilômetros com muito peso nas costas, centenas de noites em claro, patrulhas e operações insanas.

Quero deixar um agradecimento especial aos que estiveram do meu lado durante toda essa jornada, me apoiando e incentivando até o fim. Entre eles, a INVICTUS que me forneceu o melhor dos equipamentos táticos para enfrentar tudo o que passei, e o que mais vier pela frente!

A INVICTUS AGRADECE AO GUERREIRO ARIEL J F BRAND PELA DISPOSIÇÃO DE REPASSAR SUA HISTÓRIA E VIVÊNCIA SERVINDO AO EXÉRCITO ISRAELENSE. FORÇA E HONRA, COMBATENTE!

INVICTUS

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