Bora descobrir algumas bizarrices do país mais fechado do mundo?
No mês de abril a INVICTUS enviou um guerreiro para conferir de perto o regime de Kim Jong-un. Essa expedição tratou de documentar o que há por trás de tanto pano de mistério, como você pôde conferir nas reportagens anteriores (post 1 – post 2), mas também serviu para desmistificar algumas visões ocidentais sobre a Coreia do Norte. Nos tópicos a seguir selecionamos imagens exclusivas e curiosidades daquelas que são bacanas de compartilhar num bate-papo com os amigos. Preparados?
- 1. O visto de entrada
Vamos começar pelo essencial para entrar em qualquer nação, o visto. Cada país tem suas regras para a emissão de vistos de entrada. Eles variam de acordo com as relações políticas entre as partes. No caso de brasileiros, entrar na Tailândia, por exemplo, é simples, basta apresentar o passaporte; já nos Estados Unidos o processo é mais chato. Mas, e para a temida Coréia do Norte?
Por incrível que pareça, nosso enviado conta que o visto para a Coréia do Norte foi um dos mais fáceis de se conseguir em toda sua história na estrada. Como a entrada só pode ser feita por meio de agências de viagem autorizadas pelo governo, é o próprio pessoal de turismo quem agiliza toda a documentação. Basta preencher o formulário de uma folha, pagar o equivalente a R$ 200,00 e pronto.
A parte ruim é que seu passaporte não recebe o carimbo, o único documento é esse da foto, que também não fica com você de lembrança, tem que entregar na saída do País.
- 2. Aperta o 5
Mistério. O Hotel Yanggakdo guarda um “lugar que não existe” na Coréia do Norte, o quinto andar. Nosso enviado se hospedou neste que é um dos únicos hotéis do País e comprovou a ausência do botão 5 no elevador. Quando perguntados, os guias apenas diziam que se tratava de uma área para funcionários do hotel.
É claro que esse tipo de coisa desperta o instinto aventureiro em forasteiros. Mas, se tratando de Coréia do Norte, qualquer deslize pode significar morte. Lembra do estadunidense que foi preso e condenado a trabalhos forçados, sendo libertado em coma para morrer nos Estados Unidos? Então, seu crime foi invadir o quinto andar do hotel e tentar furtar um cartaz de propaganda política.
Recentemente a BBC publicou artigo sobre o local misterioso. Saiba mais aqui.
- 3. É proibido fotografar
Não é beeeeem assim. Primeiramente, vamos às especificações de equipamento. Lentes que captam muito além do horizonte são proibidas e alguns lugares são restritos como em qualquer país. O problema é que a questão militar e a condição de guerra em que ainda se encontram as duas Coreias deixa tudo naturalmente tenso.
Durante os passeios os guias cuidam e alertam sobre as fotografias de militares, construções militares, veículos militares, além da proibição de fotos que não enquadrem as estátuas ou imagens dos líderes por inteiro. Um exemplo do que não fazer seria a foto que o nosso enviado captou como experiência fotográfica. Não se preocupe, ele sobreviveu pra contar a história.
- 4. Liberdade religiosa
Desde a entrada na Coreia do Norte é possível perceber seus líderes venerados em todo lugar como semideuses. Mas as tentativas de mostrar aos estrangeiros que a liberdade religiosa se faz presente são grandes (ainda que bíblias sejam terminantemente proibidas em território norte-coreano). “Existe” uma igreja cristã ortodoxa russa e também uma imagem de Buda bem escondida no interior do País.
Mas Deus mesmo, ah, esse atende pelo sobrenome “Kim”. Na Coreia do Norte hoje não estamos no ano 2018 (segundo o calendário cristão), ou 5 mil e tantos anos, de acordo com outras culturas. Na Coreia estamos no ano 107, justamente porque há 107 anos nascia, longe de uma manjedoura, o Grande Líder, o fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung.
- 5. É verdade que eles comem cachorro?
Na verdade, a dieta norte-coreana é bem saudável (ou, como alguns preferem dizer: pouco farta). Vegetais, arroz e macarrão predominam, seguidos de frango magro, peixes pouco apetitosos e porco. Mas e o cachorro? Sim. A carne de cachorro também está disponível. Segundo os guias, nos dias atuais com maior rigor na criação, abate e inspeção de procedimentos.
Na foto: sopa de cachorro. E aí, encara essa?
- 6. O nome não é Coreia do Norte
Segundo os norte-coreanos: a Coreia é uma só, inexistindo norte ou sul. Por isso, quando você estiver na “Coreia do Norte”, dirija-se ao País como Coreia. O nome oficial da Coreia “de cima” é República Popular Democrática da Coreia.
- 7. E a democracia?
O PTC é o Partido dos Trabalhadores da Coreia, oficialmente convive com outros dois partidos “pela reunificação da pátria”, porém, quem governa e sempre governou o País é o PTC mesmo (que também está no comando do 5º maior exército do mundo). Amparado na ideologia Juche (criada pelo avô de Kim Jong-un), que coloca o homem como mestre de tudo, a agremiação política combina ideais de marxismo, coletivismo e nacionalismo.
Portanto, a democracia “existe” sim. Ela está no nome oficial do País, a República Popular Democrática da Coreia; e nas eleições que ocorrem a cada cinco anos. O detalhe é que as cédulas de votação sempre trazem apenas um candidato, de um sobrenome. Alguém arrisca o palpite?
- 8. A estação de metrô mais profunda do mundo
A capital da Coreia do Norte ainda abriga (e se gaba disso), a estação de metrô mais profunda do mundo, com 110 metros de viagem pro “centro da Terra”. Dentro da estação visitada, muito luxo em fortes colunas de mármore, lustres, estátuas dos líderes e mosaicos de ladrilho exibindo a prosperidade e a devoção do povo por seus comandantes. Ali os cidadãos aparentam levar uma vida normal no deslocamento para seus afazeres e, inclusive, têm acesso ao jornal do governo – claro, impresso em vitrines.
Ah, a profundidade é tanta que o local também pode ser utilizado em caso de ataque inimigo.
- 9. Mas como esse guerreiro andou tanto por lá?
A partir do momento que você entra na Coreia do Norte, e isso não é possível de se fazer de maneira independente, você é guiado dentro de um grupo. São três guias da agência de turismo do governo que estão sempre na cola. Eles definem todos os passeios e controlam todas as suas ações, de atravessar a rua a disparos de câmeras fotográficas. Sair à noite é raro, por isso o hotel é quase que uma cidade, com bares, sinuca, karaokê e até boliche. Ah, os norte-coreanos gostam de beber, sua cerveja é a Taeddongang e seu aguardente de arroz é o Sonju.
- 10. O maior estádio do mundo
Maracanã fica pequeno. O maior estádio do mundo fica na Coreia do Norte, na capital Pyongyang, claro. É uma construção imponente que tem capacidade para 150 mil pessoas. Nele são realizadas as apresentações nacionalistas do Arirang, quando uma multidão se reúne para formar mosaicos gigantes e coreografias super sincronizadas.
Um fato curioso que tem pura relação com o Brasil nesse estádio foi a excursão do clube paulista “Atlético de Sorocaba”, já extinto, que jogou para mais de 80 mil pessoas contra a seleção local. Detalhe: os coreanos presentes à partida pensavam que estavam vendo a Seleção Brasileira, e não um clube de pouca fama no País do futebol.
Deixe seu comentário
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.