Liderança Extrema: como liderar equipes de maneira efetiva

“A liderança extrema, guerreiro, não é aquela que você faz no escritório, com o ar-condicionado em 23 graus, na frente do computador e toma uma decisão. Neste contexto, você até pode errar, avaliar o que aconteceu junto com sua equipe e realizar novamente o trabalho. Na missão, no patrulhamento das ruas e no momento limite, não existe chance para o erro. Não tem uma segunda chance.“

A sua vida, a da sua equipe ou de um terceiro dependem de uma decisão assertiva. No limite do cansaço e da pressão psicológica, não tem chance de erro. E os conhecimentos e habilidades do mundo tático, podem ser aplicadas como ensinamentos para outras áreas que exijam liderança. Por isso, a tomada de decisão em momento crítico, não é exclusividade de gestores de forças especiais. Como isso é possível? Como estar sempre #ProntoPraTudo? Como podemos desenvolver esta habilidade? Quais as principais características? Continue lendo e descubra.

COMPRESSÃO DE TEMPO

Na liderança extrema, não há tempo para pensar numa tomada de decisão. É um momento crítico. As decisões são rápidas como: sim ou não? Atira agora? Dou a ordem para iniciar o ataque? Assino o contrato?

A rapidez no pensamento é fundamental e imprescindível. Mas essa decisão, vinda de um líder, um comandante ou um gestor, não é baseada apenas no seu individual. Ele faz parte de uma equipe capacitada, treinada e ativa. E no meio militar, essa equipe é uma patrulha.

A EQUIPE: PATRULHA PADRÃO BOPE

Uma patrulha padrão BOPE é composta por oito militares, na seguinte divisão:

– Dois pontas: militares à frente da patrulha, sendo os primeiros a enfrentar o perigo. O poder decisório precisa ser rápido, pois, o restante da equipe poderá ter sua vida em risco a partir de suas decisões.

– Um comandante: quem toma as principais decisões. O líder, ele está em terceiro pois precisa saber e entender o que está acontecendo na frente. É a pessoa que monta a equipe, pensa em qual pessoa é a melhor para cada função, pensa na estratégia da missão, planejamento e está sempre avaliando os riscos.

– Dois operadores táticos: são os militares que ficam próximo do comandante, geralmente com a incumbência de visualizar os perigos de maneira estratégica e prontos para dar apoio para os pontas, quando solicitado pelo comando.

– Um subcomandante: além de ajudar nas decisões, é o militar que está sendo preparado para assumir o comando quando necessário ou, então, montar uma futura patrulha.

– Dois militares da retaguarda: militares que estão cuidando das costas da equipe. Uma patrulha precisa estar olhando sempre pra frente, mas também cuidando de suas costas para não ser surpreendida.

Toda patrulha precisa ter confiança. Todos os membros da equipe precisam confiar uns aos outros. Dentro de uma missão, guerreiro, é necessário confiar e cuidar do seu irmão de patrulha. Vocês estão dividindo sua vida. Não importa qual sua função, a confiança é o principal vínculo entre eles.

Outro elo de ligação é disciplina. Em equipes de alto rendimento, como patrulhas, cada membro sabe qual a sua função e treina com exatidão para não errar e não ser surpreendido numa situação que não foi planejada.

Se o comandante, no meio de uma missão, precisar parar e dizer o que precisa ser feito por um membro de sua unidade, acabou. Esse tempo pode ser fatal.

AUTONOMIA

Na liderança extrema, a autonomia de tomada de decisões é fundamental e necessária, mas sempre dentro dos limites. Quando falamos em uma operação tática, por exemplo, talvez tenha sido planejado um caminho principal, certo? Mas ele pode estar com uma barricada e, o comandante, precisa de autonomia para decidir para alterar um percurso e continuar a desenvolver o objetivo.

A autonomia, não é fazer o que eu quero, ou como eu quero. Quando a gente fala em autonomia dentro de um âmbito extremo é treinar cenários e possibilidades, decidindo sempre pela melhor opção. Isso garante, além de grandes possiblidades de sucesso, maior segurança para toda uma unidade de combate.

SELEÇÃO, RECRUTAMENTO E TREINAMENTO CONSTANTE

Fazer parte de uma equipe de alto rendimento não é fácil, guerreiro. Por isso, a seleção e recrutamento dos seus membros precisa ser criteriosa. Afinal de contas, já foi mostrada aqui a importância de cada função, exemplificada a partir de uma patrulha tática.

Manter o corpo e a mente treinada, literalmente #ProntaPraTudo, é essencial. É por isso que para poder manter o nível de liderança extrema, é essencial prática, capacitação, preparação, aptidão e destreza.

Com o treinamento individual e coletivo, você permite que sua unidade ratifique os valores morais e éticos da organização, além de:

– Manter e elevar a capacidade técnica individual e coletiva.

– Aumentar o nível de entrosamento da equipe (lembre-se da confiança).

– Incremento da disciplina (tática ou não).

– Novos aprendizados e um maior repertório para resolver situações limites.

Com treinamento duro, o combate se torna fácil.

EXPERIÊNCIA

Dentro do campo de ação, a experiência é fundamental. Resolver situações se torna mais fácil quando você, guerreiro, vivenciou diversos contextos, superando problemas.

É por isso que é importante que você sempre prepare alguém para comandar uma equipe, antes de liderar ela de fato. Nesse processo, é transcendental iniciar a aprendizagem o quanto antes, até porque, no desenvolvimento do recrutamento e da seleção já são mapeadas habilidades de liderança.

Por este motivo, é tão importante formar um novo comandante. Nada é eterno e os ciclos precisam continuar, independentemente das pessoas que compõem uma unidade.

COMO SÃO OS HOMENS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS?

a) Duros como rocha?

b) Resilientes como elástico?

c) Antifrágil?

As opções A e B estão equivocadas, mas já foram nossos exemplos. Quando somos duros como rocha e recebemos impactos, uma hora vamos rachar. Nem o operador tático mais casca-grossa resiste pancada o tempo todo. Ao ser resiliente, onde suportamos pressão e voltamos ao estado normal, uma hora também vamos rasgar ou perder a elasticidade. E a gente, parceiro, não pode quebrar, nem por dentro, nem por fora.

Por isso a opção C é a correta. Precisamos superar desafios e resolver problemas, crescendo e nos fortalecendo através de cada experiência vivenciada. Esse é o conceito de antifrágil e como devemos ser, física e mentalmente.

Você aprende com o problema e com conhecimento. O intuito é crescer e crescer sempre. A partir da superação de dificuldades, precisamos sair mais fortes. As dificuldades são o caminho da superação.

DICA DE LEITURA – COMO OS NAVY SEALS LIDERAM E VENCEM

O livro “Responsabilidade extrema: Como os Navy Seals lideram e vencem” é um livro que todo operador tático precisa ler, foi escrito por Jocko Willink e Leif Babin. Eles são oficiais SEAL da Marinha dos EUA, que lideraram a unidade de operações especiais mais condecorada da Guerra do Iraque.

Durante sua experiência no Oriente Médio, criaram uma equipe de alto rendimento que cumpriu o seu papel com honra e louvor.

No seu retorno aos Estados Unidos, detalharam os processos de fortalecimento mental que levam os Fuzileiros Navais a realizarem as missões de combate mais difíceis e complexas.

Para quem quiser se aprofundar nos conhecimentos, é uma leitura essencial.

CONCLUSÕES SOBRE LIDERANÇA EXTREMA

Guerreiro, ser um líder não é uma tarefa simples. Saber tomar decisões, sem margem de erro, é mais difícil ainda. Por isso, grandes corporações foram atrás de entender o processo de formação de operadores táticos, pois são unidades militares que trabalham, todos os dias, sem margem de equivocação.

Lembre-se: treinar duro e pesado é apenas uma parte do processo. A técnica forma parte de um conjunto que cada um de nós deve construir ao longo de sua vida.

Qual sua opinião sobre o assunto? Deixe seu recado aqui nos comentários e esteja, sempre, #PRONTOPRATUDO!

Este texto foi construído a partir da palestra do Coronel Maurílio Nunes no W2C 2021. Para conhecer os nossos aprendizados adquiridos no evento, clique aqui.