Conheça um pouco sobre o sargento Marco Antônio, conhecido como Sniper Assombroso, uma lenda viva do exército brasileiro.

Guerreiro, muitos aqui cultuam a história do “Sniper Americano” Chris Kyle, sem conhecer um dos maiores veteranos vivos no país.

De extensa carreira militar, o Assombroso participou de duas missões de Paz no Haiti em 2006 e 2010. Nessa última como membro da equipe de resgate, atuando na ajuda às buscas de vítimas do sismo que deixou 300 mil mortos, dezenas de milhares de feridos e mais de 1,5 milhão de desabrigados.

Para conhecer um pouco mais sobre esta eminência militar, conversamos com ele durante a TEXAS EXPO e TIRO, onde ele falou um pouco sobre seus começos e sua experiência e percepção da atualidade do Haiti. Quer conferir o resultado? Então acerte sua posição, mire na luneta e dispare seus olhos no artigo abaixo.

INVICTUS: COMO COMEÇA SUA HISTÓRIA COM O EXÉRCITO BRASILEIRO?

ASSOMBROSO: Eu incorporei no Exército Brasileiro, para o serviço militar obrigatório, em 1983. Fui alocado na Brigada de Paraquedistas. Cumpri meu ano obrigatório e estava vendo a possibilidade de ficar como soldado antigo ou até mesmo ser dispensado.

Contudo, no final de 1983 foi criado o Primeiro Batalhão de Forças Especiais (1º B F ESP), unidade elite do Exército Brasileiro e houve a possibilidade de transferência, pois estavam precisando de cabos e soldados para compor o recém-criado Batalhão.

Eu me inscrevi, passei em todos os testes e ingressei no final do ano.

POR QUE O SEU CODINOME É ASSOMBROSO?

Ele veio por ocasião da minha primeira ida para o Haiti, em 2006. As Forças Especiais sempre trabalham com codinomes. É uma questão de segurança para o operador.

Normalmente, o próprio militar escolhe o seu codinome, mas na ocasião, até por estarmos num clima de brincadeira, você podia escolher o codinome de alguém. Aí, tinha um grupo de operadores rindo e eu cheguei mais perto para entender o que estava acontecendo. Eles disseram que tinham acabado de escolher o meu codinome e seria Assombroso.

Eu indaguei o motivo e eles me mostraram uma imagem de um desenho antigo, do fantasma Gasparzinho. Aí eu falei “porra, vocês estão de sacanagem”. Eles riram mais ainda e falaram, ou é Assombroso ou é o nome do fantasma do filme Ghost.

Ficou Assombroso, que não tem relação com nenhuma característica minha, mas eu jurei que ia mostrar a eles quem era o Assombroso.

QUAL SUA PERCEPÇÃO SOBRE A POLÍTICA E ATUALIDADE DO HAITI?

O Haiti, infelizmente, vive constantes confusões. É um país que sempre tem um problema sério acontecendo. Eu trabalhei muito lá, a gente trabalhou tanto e agora teve o seu presidente assassinado recentemente.

Eu não sei as circunstâncias, mas as investigações estão em andamento e existe uma tendência que aponta para certa autoria, mas enfim, eu não vou entrar nesse detalhe porque não tenho todos os elementos de informação.

Mas o que eu posso dizer é que algo extremamente grave para o país porque, mais uma vez, aquele povo sofrido sofre a perda do seu Chefe de Estado e isso irá reverberar na parcela mais sensível da população haitiana. São elas que sofrem mais.

As desestabilizações políticas e sociais são recorrentes e isso atrapalha muito o desenvolvimento humano, político e social do país.

O que a gente pode fazer, especialmente quem trabalhou e serviu lá, é rezar e pedir a Deus que os problemas sejam resolvidos.

VOCÊ ACREDITA QUE EXISTE A POSSIBILIDADE DE UMA NOVA MISSÃO CHEFIADA PELO BRASIL?

Eu realmente não sei. Eu só sei que o Haiti precisa de ajuda. A ONU precisa se posicionar e ajudar o povo. De alguma forma, a comunidade internacional precisa se manifestar e ajudar. O sofrimento tende aumentar.

COMO OS SOLDADOS BRASILEIROS SÃO VISTOS NAS MISSÕES DE PAZ NO EXTERIOR?

O soldado brasileiro tem um sentimento de que o povo é sua razão de ser e não foi diferente no Haiti. Nossos militares são muito profissionais, sendo duros nas horas que precisa ser duro, mas tendo um lado humano que é exposto quando necessário. E isso é percebido do outro lado. Ele respeita a população.

Pode estar todo equipado e pronto para agir, mas sempre com exímio respeito e não sendo truculento. Porque algo é certo: você pode querer ajudar, mas se alguém entra em sua casa e começa a te dar ordem, você vai se sentir mal com aquela situação.

E nós, militares brasileiros, tínhamos essa consciência. Trabalhamos sempre e ficamos lá o tempo todo com essa consciência.

Nós éramos os “invasores”, então tratávamos as pessoas com o devido respeito, pois é fundamental respeitar.

Olhávamos a população e nosso trabalho com muito carinho, pois é uma sociedade sensível e sofrida. Nós paramos o inimigo dessa sociedade, que era a massa criminosa, e tratamos com rigor.

A população haitiana sabia que nós tratávamos muito bem os cidadãos de bem e éramos extremamente rígidos com os criminosos e isso foi muito valorizado. Isso gerou um carinho muito grande pelos militares brasileiros, que existe até hoje. E que ficou patente.

Fica o nosso agradecimento ao Assombroso, militar brasileiro extremamente importante para nossa história. Honra máxima, guerreiro!

Entrevista realizada presencialmente em julho de 2021, durante a TEXAS EXPO e TIRO, evento que aconteceu na cidade de Joinville.

INVICTUS

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