Entenda o que é o estresse pós-traumático, sua incidência na carreira policial e como ajudar os combatentes feridos!
O estresse pós-traumático é, infelizmente, uma realidade para muitos guerreiros expostos a situações de alto risco próprias da atividade policial.
Por isso, falar sobre o assunto é essencial para prevenir e conscientizar: afinal, nenhum guerreiro fica para trás!
Entenda hoje o que é o estresse pós-traumático, suas causas, como ocorre na carreira policial e como ajudar combatentes afligidos.
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O que é estresse pós-traumático?
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), é uma doença psiquiátrica ou distúrbio de ansiedade oriundo da vivência de traumas.
Sua manifestação pode se dar física ou psicologicamente, e revive frequentemente o momento traumático causando alterações neurofisiológicas.
Além disso, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o TEPT atinge 2 milhões de pessoas no Brasil.
Já nos Estados Unidos, maior potência militar do planeta e com 1,3 milhão de soldados ativos, o transtorno de ansiedade é uma batalha sem fim a ser combatida.
Isso porque, similarmente às carreiras policiais, combatentes são expostos a inúmeras situações de estresse como confrontos armados, incursões táticas, missões de reconhecimento ou de paz, entre outras.
O resultado? Segundo pesquisa publicada por Jan Muller, a incidência do transtorno de estresse pós-traumático foi estimada em 30% na Guerra do Vietnã, finalizada há 47 anos atrás.
Mas os números continuam a assustar, inclusive nas batalhas internas do território nacional, enfrentadas na carreira policial – principalmente por seus guerreiros na linha de frente do combate.
O TEPT na carreira policial
Ser policial não é para todos, certo guerreiro? Na verdade, vestir a farda do serviço, entrar na viatura e não saber se voltará à casa naquele dia é só uma amostra do que esses combatentes enfrentam no dia a dia.
Afinal, na atividade policial, os riscos iminentes próprios das missões, seja na radiopatrulha, em unidades especializadas, ou nas investigações, forçam os policiais a manter o estado de alerta sempre funcionando ao máximo.
Por isso, unindo-se as atividades próprias da carreira policial junto aos seus riscos potenciais, não é de se espantar que essa exposição prolongada possa causar em alguns guerreiros danos graves como o Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT).
Nesse sentido, vale a pena citar alguns dados importantes sobre a incidência desse transtorno de ansiedade na carreira policial:
– Em policiais, as taxas de prevalência do TEPT são consistentemente superiores à da população geral, variando entre 7 e 46%;
– Podem ser ocorrências recorrentes enquanto traumas na atividade policial os acidentes automobilísticos, trocas de tiro, vias de fato, e testemunhar mortes violentas;
– Em uma pesquisa realizada com policiais militares brasileiros, após o primeiro mês do trauma, metade da amostra apresentava transtorno psiquiátrico, das quais 41,5% eram TEPT.
Dessa maneira, algumas organizações policiais, cientes dos desafios de seus guerreiros, já tomaram a frente em regulamentações internas que visam proteger e auxiliar os combatentes da linha de frente no enfrentamento ao TEPT.
Mas para além disso, é importante entender as consequências do TEPT para o operador policial e outras patologias associadas ao trabalho policial.
É importante reconhecer para intervir. Então, prossiga abaixo!
As consequências do TEPT para o policial
O Transtorno de Estresse Pós-traumático em policiais, como mostramos, é mais comum na carreira policial pela natureza do trabalho e seus riscos.
Nesse sentido, sobretudo diante da escassez de literatura específica sobre o tema, é importante citar a tese apresentada com louvor por José Waldo Camara Filho.
Sua tese identificou como principais consequências psiquiátricas em uma amostragem de policiais militares que experienciaram traumas:
– 1 mês após o trauma, diagnosticou-se transtorno psiquiátrico em quase metade da amostra (51,2%). Além do TEPT presente em 17 deles (41,5%), também diagnosticou-se depressão (19,5%) e outros transtornos de ansiedade em aproximadamente 5%.
– Já após 1 ano do trauma, a prevalência de transtornos psiquiátricos caiu para 31,7%, ocupando preponderância o TEPT (14,6%), depressão (9,8%), outros transtornos ansiosos (7,3%) e alcoolismo (4,9%). Muitos destes, associados uns com os outros.
Também vale destaque outro artigo, publicado na Revista Saúde e Desenvolvimento Humano, responsável por analisar dados da Brigada Militar no espaço de um ano, verificando transtornos como o TEPT, além dos afastamentos registrados em sua decorrência.
Nesse sentido, a pesquisa indicou que a maioria dos policiais (80,95%) eram soldados do sexo masculinos, e sua maioria aderia ao afastamento temporário seguido ao trauma, mesmo que isso significasse menor ganho financeiro.
Além disso, a pesquisa revelou como principais diagnósticos:
– Transtorno de Estresse pós-traumático (6% dos atendimentos);
– Depressão (36%);
– Problemas de adaptação no serviço (35%);
– Ansiedade (7%);
– Dependência química (6%);
– Transtorno Bipolar (6%);
– Síndrome do Pânico (4%).
Por fim, guerreiro, é possível induzir que esses efeitos podem comprometer em grande parte a efetividade do profissional na rotina policial.
Afinal, danos mentais graves como os do TEPT e outras comorbidades, podem comprometer a capacidade de análise situacional nas ocorrências, imprescindível para a sobrevivência policial e o sucesso das ocorrências.
Sintomas do Estresse Pós-traumático
Identificar é o primeiro passo para combater o TEPT.
Os combatentes que vivenciaram traumas na função policial e suspeitam sofrer do transtorno, costumam experienciar os sintomas a seguir:
Reexperienciar ao menos uma vez o trauma (flashbacks frequentes do trauma que se refletem fisicamente, com a aceleração cardíaca, pesadelos, pensamentos amedrontadores);
Evitar quaisquer associações ao evento traumático (como lugares, eventos, ou objetos que remetam a ele);
Sintomas de excitação e reatividade (insônia, explosões de raiva, tensão contínua);
Cognição e humor (não consegue lembrar de momentos-chave do evento traumático, sentimentos distorcidos como culpa, perda de interesse em atividades prazerosas).
Se você os sente ou conhece um guerreiro com esses sintomas, é importante lembrar que há apoio.
Seja dos amigos, familiares ou colegas, você não está sozinho e deve buscar ajuda.
Sua primeira missão, é com sua saúde!
Como tratar o Estresse Pós-traumático?
Ainda que o TEPT tenha duração indeterminada, podendo em algumas pessoas se apresentar de maneira mais grave e prolongada que outras, seu tratamento é possível e deve ser buscado.
O tratamento do Transtorno de Estresse Pós-traumático é multidisciplinar e geralmente conta com psicoterapia assistida de remédios adequados para o tratamento neuroquímico.
Dessa maneira, é possível reduzir o medo, ansiedade e estresse físico e mental causados pelas memórias revividas do trauma.
Frequentemente, também incluem-se atividades físicas para o controle do estresse. Elas são úteis para preparar o paciente para a terapia de exposição.
Nela, o evento traumático é explorado gradativamente para que seus efeitos sejam muito reduzidos, retomando a saúde mental do guerreiro.
Nenhum guerreiro fica para trás. O TEPT é grave e não representa desonra aos seus afetados.
Se você conhece algum combatente que precisa de ajuda, conscientize-o com essas informações!
Lembre-se, o primeiro passo para o tratamento, é o reconhecimento. É possível vencer essa luta.
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