Confira nossa matéria exclusiva com Bene Barbosa, a grande referência nacional quando o assunto é desmentir mitos falaciosos sobre armas.
Instrutor, debatedor, palestrante e escritor de dois best-seller sobre o assunto, Bene Barbosa é referência no Brasil e na América Latina quando o assunto é a defesa do direito de possuir e portar armas. Em seus mais de 30 anos de estudo no assunto, compartilha sua experiência através de palestras, entrevistas e debates.
Pedimos para o Bene nos citar 5 mitos sobre o desarmamento no Brasil. Bora acompanhar?
#1: O governo está preocupado com a sua segurança quando estabelece o desarmamento.
A ideia de que o Governo e o Estado estão preocupados com a nossa segurança, a de nossas famílias ou nossas crianças, propondo um maior controle, restrições e até mesmo o desarmamento total e irrestrito de toda a sociedade, ela é, de fato muito sedutora. Mas é extremamente falsa. E pior do que isso: ela é muito perigosa.
Este é um assunto que eu estudo há mais de 30 anos, portanto tenho um bom conhecimento histórico da temática e, o que a gente vê, geralmente, é o seguinte: todos governos que instituíram o desarmamento ou severas restrições de acesso a armas de fogos para sua população, se tornaram ditaduras de governos tirânicos e autoritários. Os exemplos são inúmeros e vou citar apenas alguns:
– Extinta União Soviética: durante a revolução bolchevique, em 1917, utilizou-se de camponeses para conseguir chegar ao poder. Já em 1920, iniciou uma campanha de desarmamento, primeiramente voluntária e o resultado todos aqui já conhecemos: milhões de mortos pelo regime comunista.
– Cuba: a revolução cubana, em 1959, incentivou através do Fidel Castro e suas tropas a luta armada do povo camponês e, após realizar um ataque ao governo democrático, transforma a formosa ilha na maior prisão do mundo, realizando campanhas de desarmamento obrigatório em sua população.
– Alemanha (período nazista): para entender melhor a situação deste processo histórico, indico o livro Hitler e o Desarmamento, do escritor, pesquisador e historiador Stephen P. Halbrook. Este livro detalha e demonstra como Hitler e os nazistas utilizaram a lei a seu favor para se favorecer. É por isso que temos que ter muito cuidado quando defendemos a lei acima de tudo porque, primeiro, a lei precisa ser JUSTA.
Temos que ter muito cuidado pois, muitas leis, são incluídas e impostas na sociedade de maneira velada e em forma de pequenas restrições. Isso só demonstra que, todos os exemplos de uma sociedade desarmada são com o intuito de oprimir uma civilização ou país por inteiro, no afã de controlar a sociedade e se perpetuar no poder.
#2 – Armas matam
Este é, sem sombra de dúvidas, o mais ingênuo e infantil de todos os argumentos. O motivo é óbvio: se armas matam, então carros atropelam. A culpa é do carro e não é do motorista. Quando você fizer uma prova, não se preocupe em ir bem. Afinal de contas, se não souber a resposta e errar, a culpa não é sua, é da caneta que você está usando.
Não são os carros que atropelam pessoas e não são as facas que esfaqueiam: há sempre por trás a ação de um ser humano. E com armas de fogo, é exatamente a mesma coisa. A arma é apenas um objeto inanimado, que não tem alma, que não possui poderes sobrenaturais para tornar alguém assassino.
Portanto, o problema não é a ARMA, o problema é a criminalidade. São as pessoas que, conscientemente, porque todo crime é consciente, optaram por cometer uma barbárie e quebrar a lei penal do Brasil.
A arma que pode ser utilizada num assalto, é também a arma que pode ser utilizada para impedir o mesmo assalto, proteger sua casa ou evitar que façam uma barbárie com sua família. A utilização é que muda. Gosto sempre de citar um ditado nórdico, muito antigo, que diz:
“O martelo de Thor tem a personalidade de Thor”
Ou seja, a arma vai ser a extensão de quem a possui.
Uma vez que é impossível desarmar os criminosos, pois eles sempre vão dar um jeito de conseguir armamento de maneira ilegal, ao desarmar um cidadão está causando uma desproporcionalidade de forças entre a sociedade e a criminalidade. E todas as guerras do mundo, desde o tempo que morávamos em cavernas, iniciaram quando um país ou território entendeu que tinha uma força superior a outro.
Por isso, a arma não mata, quem mata é o ser humano. E qualquer objeto é passível de se tornar um objeto mortal. Basta apenas observar e interpretar as ocorrências com martelos, facas e muitas vezes, com as próprias mãos. Dados do Ministério Público de São Paulo mostram que, em todo o Estado paulista, 83% dos feminicídios foram cometidos sem a utilização de uma arma de fogo.
Acaso seria possível proibir o uso de facas em residencial ou, até mesmo, mãos e pés? Fica sua reflexão.
#3: Países armados são mais violentos
Quantas vezes lemos e ouvimos isso na imprensa? Contudo, é mais um argumento que não se sustenta. Se pegarmos os 25 países mais armados do mundo, nenhum ele está entre os mais violentos ou com mais assassinatos. O Uruguai, por exemplo, é o sexto país mais armado do mundo, possuindo uma arma a cada seis uruguaios. Sabe o motivo? É simples: a arma de fogo não é, nunca foi e nunca será um fator determinante para uma maior criminalidade. Isso não existe! Você inserir armas na sociedade não significa que você irá tornar ela mais violenta.
#4: O brasileiro não tem educação para ter armas
A ideia de que o brasileiro não tem educação e cultura para ter uma arma é o que dramaturgo Nelson Rodrigues chamou de “síndrome do vira-lata”: o brasileiro acredita que ele não é capacitado ou até menos capacitado do que outras sociedades para lidar com assuntos variados. E, mais uma vez, é um argumento pífio e falso.
Primeiro, como já elucidei aqui, o crime é fruto único e exclusivo de uma ação pessoal e pensada. É uma escolha. E isso não tem nada a ver com educação ou com cultura. Pois, se isso fosse verdade, locais mais ermos do Brasil seriam os mais violentos e isso não acontece. Eu já rodei todo o Brasil, palestrei em incontáveis cidades e em alguns locais extremamente pobres o que eu conheci foram pessoas muito humildes, respeitadoras da lei. Não porque conhecem a lei, mas sabem o que é certo e o que é errado.
Não é raro que estas pessoas tenham em casa uma arma antiga, seja espingarda, pistola ou garrucha, e elas não cometem crime nenhum. Por isso, esse é mais um argumento que não se justifica.
É bom também lembrar que, até 1997, não existia o crime de porte ilegal de arma de fogo, sendo apenas uma contravenção penal. E não havia bang-bang, a taxa de homicídios era menor do que atualmente, taxa de analfabetismo, assim como a desigualdade social, era maior. E nem por isso tinha mais mortes ou maior criminalidade. Isso só demonstra que, adotar esse argumento, é adotar uma argumentação falaciosa.
Outro exemplo é o caso do Paraguai. Acho que todos aqui sabemos ou temos conhecimento da facilidade de adquirir uma arma no país vizinho. Se você olhar os índices nacionais, sejam econômicos ou sociais, piores do que os nossos e, mesmo assim, eles têm a terceira menor taxa de homicídios do continente, perdendo apenas para o Uruguai e para o Chile. Ainda, se tirar a faixa da fronteira Brasil-Paraguai, a taxa cai para o segundo lugar. É muito azar para nosso país irmão, não é?
#5: Vai virar bang-bang
A ideia de ter tiroteio em discussão de trânsito, no bar ou entre vizinhos é mais uma narrativa pífia que não se sustenta nas estatísticas. Os defensores do desarmamento querem gerar MEDO na população através da desinformação e verdadeiro terror e apavoramento por pessoas legalmente armadas.
Uma vez que a pessoa fica amedrontada, ela passa a refutar uma ideia implantada, sem querer discutir uma ideia porque, na cabeça dela, se houver pessoas armadas elas irão atirar sem nenhum motivo umas nas outras.
Um caso curioso é o dos atiradores esportivos. Atualmente, somos no país mais de 250 mil praticantes registrados no Exército Brasileiro. No ano de 2019, todos estes atiradores foram autorizados a portar uma arma de fogo do seu acervo no trajeto de sua casa ao clube de tiro e vice-versa. Em quase 3 anos foram CENTENTAS DE MILHARES de viagens com incontáveis quilômetros, muitas vezes realizando viagens interestaduais e, sabe qual o número de homicídios ou tiroteios iniciados por estas pessoas? ZERO.
Faça uma pesquisa e veja se vai achar alguma notícia. O que você vai achar é justamente o contrário: graças a estarem armados, os atiradores esportivos conseguiram escapar de criminosos.
Se você quiser mais detalhes sobre estas mentiras ou quiser conhecer outras tantas falácias que nos obrigaram a acreditar sobre armas, deixo aqui a indicação de dois livros que escrevi sobre o assunto: Mentiram Para mim Sobre o Desarmamento (2015) e Sobre Armas, Leis E Loucos (2020).
Tem interesse pelo assunto e se aprofundar nesse assunto? Estou lançando uma oficina de argumentação sobre o assunto, para as pessoas que querem aprender mais sobre o tema e debater isso com outras pessoas. Afinal de contas, é muito fácil que alguém reproduza uma destas cinco mitos falaciosos sobre as armas, reproduzindo uma narrativa rasa e falaciosa.
O link para conhecer mais detalhes sobre o curso e se inscrever está disponível aqui.
A INVICTUS agradece ao grande amigo Bene Barbosa pela parceria de sempre.
3 Comentários.
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“Uma classe oprimida que não se empenha em aprender a usar armas, a adquirir armas, merece apenas ser tratada apenas como escrava. Não podemos, a menos que tenhamos nos tornado pacifistas ou oportunistas burgueses, esquecer que estamos vivendo numa sociedade de classes da qual não há saída, nem pode haver, salvo pela luta de classes e destruição do poder da classe dominante.” Lenin. Russia, Outubro de1916
E os vigilantes do Brasil que protegem os bancos armados e quando vai para sua casa vai desarmados?
Muitos acreditam que verdadeiramente, quando não portamos arma de fogo, estamos mais seguros e só se dão conta, quando estão em perigo.
Aí a coisa muda, se eu tivesse uma arma, não deixaria que isto acontecesse ou se tivesse um Policial, por perto isso não aconteceria, pois ele tem uma arma e enfrentaria o criminoso!
Em fim, são raciocínios os quais, só se compreendem quando acontece com elas.
Por estas e outras, se faz nescessário discutir o assunto e mostrar os pós e os contras sobre uso ou não de arma de fogo.