Esqueça o pódio ou a medalha, selecionamos cinco artes marciais onde o objetivo é sobreviver.

Especialmente àqueles que fizeram o curso de karatê em três módulos, com Senhor Miyagi e Daniel San na trilogia Karatê Kid, hoje o blog INVICTUS selecionou algumas artes marciais pra dar início ao assunto por aqui.

Não é novidade que o termo “marcial” tem origem militar. É, mas essa não é daquelas expressões que se fixam na cabeça pelo significado. Na verdade, confessa aí, é mais fácil ligar “marcial” a “marciano” (o que não está completamente equivocado), do que ao uso militar propriamente dito – salvo nos casos em que você assiste à banda marcial das Forças Armadas no desfile de 7 de setembro.

Marte ataca

Numa meteórica viagem pela etimologia da expressão/palavra, quando falamos em “arte marcial”, nos referimos diretamente à arte da guerra. Nos tempos greco-romanos, as artes marciais eram tidas pela mitologia como artes militares lecionadas aos homens. Mas quem era o mestre? O Deus Marte (sacou o marciano?). Sim, ele mesmo, o implacável e astuto Deus da guerra e da carnificina que é apenas homônimo do planeta vermelho e nada mais. No aliens!

Ainda que Ocidente e Oriente tenham peculiaridades bastante distintas – e isso também inclui as artes marciais – muita coisa acaba “se conversando”. As modalidades de luta, nesse caso, exibem adaptações, tornando latentes as influências umas às outras. De uma forma geral, conclui-se então que as artes marciais compõem diferentes sistemas de treinamento para o combate que prepara o praticante a lutar sem a necessidade do uso de armas de fogo.

O esporte e a guerra

Dentro do escopo das lutas como arte, é bom salientar suas diferenças no que diz respeito à arte marcial quanto esporte x combate. Mesmo que utilizadas e aplicadas em contextos diferentes, a maioria esmagadora, senão todas, são alicerceadas por pensamentos filosóficos e valores próprios que norteiam o estilo de vida e convivência do atleta/praticante em sociedade.

Numa explicação simples é possível dizer que as lutas que frequentam o âmbito esportivo focam em competitividade – e defesa pessoal para eventualidades. Já as lutas destinadas às técnicas de combate, digamos, mais fulminantes, buscam elevar seus praticantes a níveis altos de defesa pessoal para resistência em situações de crise, ameaças, distúrbios e, claro, a guerra.

Quatro artes para conhecer melhor e uma de cair o queixo

As artes marciais são milenares, surgidas pela demanda crescente de proteção do homem contra o próprio homem. Há registros, por exemplo, que o kung fu já vem sendo praticado há mais de 5 mil anos na China. Então é claro que não vai dar pra falar de todo esse mundo de preparo, defesa, chute, soco e suor, devagarinho a gente chega lá.

  1. Sambo

A primeira coisa a se dizer dessa arte é: ela é soviética. E, tida a fama de loucura dos bebedores de vodca, isso já deve pesar bastante numa escala de “brutalidade marcial”. “sambo” é o acrônimo (basicamente a mistura das iniciais), de CAMозащита Без Oружия, isso no alfabeto cirílico, mas vamos tentar descomplicar. No nosso caso é a sigla para SAMozashchita Bez Oruzhiya, o que significa simplesmente “autodefesa sem armas”.

E conhecendo apenas um pouquinho dessa luta a gente já descobre o porquê da não necessidade de armas. O sambo envolve misturas de boxe, luta olímpica, savate, lutas da escola eslava, além de algumas técnicas japonesas. No caso do sambo para combate, a raiz da luta, as técnicas envolvem muitos chutes e socos. De forma lúdica, lembra do Zangief do clássico Street Fighter? Então, aquele brutamonte era um legítimo lutador de sambo.

A prática foi homologada como esporte em 1938, mas como aqui a gente tá pro lado bruto da coisa, vamos direto ao ponto: um lutador de sambo bem preparado é capaz de desmontar e mutilar uma parte do seu corpo em questão de segundos. Então já viu, né? Se não gosta do pagode, melhor nem tentar sambar.

  1. Ninjutsu

Não é à toa que quando uma pessoa manda muito bem em algo usamos a expressão: “esse cara é ninja”. Nascido há 900 anos, no Japão, o ninjutsu talvez seja a mais emblemática das artes marciais. O simbolismo vai desde as vestimentas, armas brancas utilizadas, samurais e derivados. Além disso o ninja é aquele cara estratégico, certeiro e silencioso.

A prática se iniciou no Japão feudal, oriunda de uma necessidade legítima: um povo em defesa da sua terra. Durante as invasões das dinastias chinesas aos territórios tibetanos, monges se espalharam por toda a Ásia em busca de refúgio. Coube aos que buscaram a terra do sol nascente iniciar essa prática tão minuciosa e mortal.

Basta analisar as 18 disciplinas do ninjutsu para constatar o quão completa é a arte, especialmente quando utilizada para fins militares, sobretudo de espionagem. Para tanto, leia as disciplinas abaixo e imagine um grande exército dominando esses ensinamentos. São elas: combate desarmado, arte da espada, lançamento de shurikens, arte da lança e arte do bastão longo; luta com a naginata, luta com foice de corrente, arte dos explosivos e pirotecnia, arte dos disfarces e camuflagem, métodos de caminhada silenciosa e arte da evasão; equitação, treino aquático, estratégia militar e espionagem, meteorologia, geografia e refinamento espiritual.

Dá pra imaginar aqueles monges serenos e bonzinhos com tanto poder de destruição em suas habilidades?

  1. Muay Thai

Diretamente da terra dos sorrisos, a Tailândia, uma arte marcial que pode deixar oponentes sem dentes. Bastante difundida no mundo, especialmente no Brasil, e com forte apelo em competições de artes marciais mistas, o muay thai transforma lutadores em genuínas máquinas de combate.

O muay tailandês é conhecido como “a arte dos oito membros” por conta de seus pontos de contato: com socos, chutes, cotovelos e batidas de joelhos. É um esporte que exige muita rapidez, condicionamento físico impecável, concentração e autoconfiança. Assim como o ninjutstu, o boxe tailandês surgiu devido à necessidade de autodefesa do povo habitante do antigo Reino de Sião, saqueado e invadido por diversas vezes no período medieval asiático.

Com aspectos culturais muito semelhantes, mas de especiais peculiaridades, os países do Sudeste Asiático ao redor da Tailândia também desenvolveram suas artes marciais, todas com inspiração no muay thai. É o caso do pradal serey, do Camboja; do tomoi, da Malásia; do lethwei, do Mianmar; e do muay lao, do Laos.

O muay thai é o orgulho nacional do Reino da Tailândia, e a curiosidade fica por conta dos ringues populares, instalados em bares inclusive, abertos para quem quer se arriscar. E aí, acha uma boa ideia pra um turistão despreparado? Os magrinhos batem muito, abre o olho, meu chapa.

  1. Krav Magá

Um povo perseguido mostra em suas dificuldades o que de melhor pode oferecer para resistir. É extensa a lista de colaboração dos israelenses quando o quesito é inovação, e na luta não é diferente. Estamos falando de um estilo de arte que não é considerada esporte pela própria categoria, justo porque ela nasceu para a defesa e combate. Eis o poderoso krav magá, que significa “combate corpo-a-corpo”.

Derivado de habilidades em briga de rua – o antissemitismo habitou as ruas da Europa por muito tempo – o krav magá se tornou luta símbolo da resistência judia e grande arma de seu poderoso, disciplinado e exemplar exército. Com filosofia voltada à neutralização de ameaças e sobrevivência, o domínio da técnica envolve manobras de defesa, ataques simultâneos e agressão.

Não há regras no krav magá, a única ordem é ultrapassar qualquer situação de violência do modo mais rápido e eficaz, não descartando a necessidade de ultimatos com golpes letais.  Pra se ter uma noção, o krav hoje está presente em forças de segurança do mundo inteiro e organizações de grosso calibre como o FBI, Mossad e unidades da Swat.

  1. Uru-Can, a arte marcial brasileira

Não, você não leu errado. O Brasil possui sua arte marcial, e nascida dentro do Exército Brasileiro. Apesar de pouco difundido, o uru-can ainda resiste com cerca de 500 (sim, só isso), praticantes no País. A arte foi desenvolvida pelo mestre Paulo César da Silva Lopes, um militar carioca que fez nascer a prática nos quartéis do Rio de Janeiro na década de 70.

Já falecido, e com seu legado deixado nas mãos de seus pupilos, Paulo acreditava que as artes marciais da época não eram o suficiente para os militares brasileiros. O uru-can, que tem no nome a união de duas cobras genuinamente brasileiras, a Urutu e a Caninana, é mistura aperfeiçoada do karatê, taekwondo, kung fu, judô e jiu-jitsu. Além das atribuições normais desses modelos de luta, o então militar introduziu treinamentos de defesa pessoal e com armas como nuntchaco, facão e fuzil.

Sem regras ou fins competitivos, a arte foi criada para ser altamente letal. Além do fim super militar, Paulo preocupou-se em fixar bases filosóficas nacionalistas que atuam na formação do caráter, na forja de cidadãos responsáveis e sabedores de seus deveres perante a construção social ordeira.

Existem poucas informações sobre o uru-can no Brasil, mas esse artigo da revista Vice Brasil traz um pouco desse mundo pouco explorado. Clique aqui.


E você, pratica alguma arte marcial? Conta pra gente um pouco da sua experiência nesse mundo vasto de técnicas, necessidades históricas e muito, mas, muito preparo envolvido. Você sabe, pra ser um guerreiro invicto é preciso, antes de mais nada, estar pronto pra tudo.

INVICTUS

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